quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Busão

Que ônibus é a morada do demo ninguém mais duvida. A questão é que eu, reles mortal, sou obrigada a andar lado-a-lado com os adoradores do mal simplesmente porque não sei dirigir.

Minha cabeça é limitada. O resto também. São dois pés para três pedais, além das mãos e dos olhos que devem se movimentar todos ao mesmo tempo. Não dá. Dirigir é uma arte para poucos, já que requer o mínimo de atividade cerebral.

Enfim... voltemos à saga.

Estava no ônibus, indo para uma entrevista na Paulista. Entra uma mulher e seu pivete. Criança já é por si só uma bosta ao quadrado. Quando fica grande então, se torna uma bosta grande e sem-graça. Os pequenos até fazem você rir, falam coisas surpreendentes para um cérebro tão pequenininho... mas depois de uns 5, 6 anos... aff...

Daí que o pirralho sentou-se ao meu lado. Ele devia ter um 7 anos e carregava no braço uma coisa meio alienígena, que só depois fui perceber tratar-se de um relógio. Desses de moleque, cheio de incrementos inúteis. Pois bem... aí o mini-vândalo começou a cantarolar alguma coisa que eu não entendi no começo, mas que depois ficou mais clara. Ao mexer no seu relógio-espacial, ele cantava algo como "enrolei meu braço... tô enrolando meu braço... enrolê-ei... meu braçooo... tá enro-lan-do meu braaaço" e repetiu isso durante uns 10 minutos. Hora mais alto, hora mais baixo... como se fosse um mantra satânico.

Eu estava de óculos escuros, grazzie a Dio! Se não estivesse, eu seria o próprio Ciclope naquele momento. Fulminaria o porra do pivete com raios-lasers tão potentes que até o ônibus pegaria fogo! Sei que depois de um tempo - já nem sei quanto, pois minha massa encefálica tinha sublimado - a desgraçada da progenitora o levou para sentar-se em outro lugar, não tão longe de mim, mas o suficiente para que eu não o pudesse assassinar.

Fui fazer minha entrevista, feliz e contente.

Na volta pra casa... ônibus, claro. Lotado. Abarrotado. Cheio de seres inferiores, acéfalos, incapazes de mover um mísero músculo para olhar ao redor e perceber se há idosos, grávidas, mulheres com crianças de colo, deficientes ou eu, totalmente desequilibrada e com uma bolsa enorme nas mãos. Pedir pra segurar a bolsa? HelloOOo, Jackie! Acorda!

Faltando alguns quarteirões pra chegar em casa eu consegui me sentar. E daí que já estava chegando? Eu queria sentar, por alguns segundos... e sentir como é bom poder sentar num banco de ônibus, me deixa?

Aí vem as cenas impagáveis... é clichezasso, mas eu NUNCA vou me acostumar com quem faz isso: alguém dá o sinal para descer. Até aí tudo bem, as pessoas vão se posicionando, "o senhor vai descer no próximo?" (essa pergunta é assunto para um post futuro), gente se enfileirando, a porta abre, as pessoas começam a descer, tal...aí vem a tragédia. Quando o motorista aperta algum botão mágico lá e faz-se o barulho chiuuuunfff para as portas fecharem, ouve-se um grunhido. Grunhido não, um urro: VAI DESCÊÊÊÊ!!! E a figura da "estragada" ressurge das trevas.

A estragada é aquela mulher gorda, feia, descabelada, cheia de sacolas e de filhos por todos os lados. Ela espera o ônibus parar, todas as outras criaturas descerem, o motorista dar a partida para sair, para ela se levantar com sua ninhada do último banco - porque é claro, a estragada jamais se sentaria no primeiro! -, empurrar aos berros todos os outros que ainda não desceram e EXIGIR que o motorista a espere chegar na porta. Acompanhada do Rodnelson, da Yasmilly e do Credsvanildo.

Coooorre, Creds! Anda meniiiina, pega o Rodnelson no coloooo! Vai descêêêêê motoristaaaa! manda ele esperar aí, cobradô! Calma... gente, dá licença, eu vô descê! Tô com três criança aqui, né? Vai!!! Vai!!

E assim caminha a humanidade... a passos laaaaargos. Rumo ao abismo! Amém.

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