terça-feira, 29 de novembro de 2011

DOR

Eu não tenho mais um coração.

Tenho um buraco negro, profundo, onde tento esconder qualquer vestígio de qualquer coisa que eu não sei o que é.

Tenho o inominável.

Eu sinto dor, sinto toda a dor, a mais absoluta dor que um corpo pode suportar.

Não sinto meus pés, não sinto meus braços, sinto apenas o buraco que me consome de dentro pra fora, que suga minha alma e me perde. Nele e em mim.

Talvez eu entenda, talvez eu supere. Talvez? Não...

Eu perdi. Perdi toda e qualquer possibilidade de ser feliz e de acreditar que o amor que sempre defendi, que sempre me alimentou, ainda existe.

Qualquer coisa que eu diga não faz sentido. Qualquer palavra que eu ouça, daqui pra frente, não fará sentido algum, como não faz sentido ouvir "eu te amo" quando se é abandonado.

O amor da minha vida, de toda a minha vida, até o fim dos meus dias... o único homem que eu amei com o corpo e com a alma, com cada minúscula parte da menor parte de cada célula miserável de mim... eu perdi.

Todas as lágrimas, toda a angústia, todo o desassossego de um fantasma errante estão em mim. E eu não tenho para onde fugir, a não ser para o buraco negro e profundo, permanente e indissolúvel bem no meio do meu peito.

Eu morri quando você me deixou, meu amor. Para sempre, eu morri.

"Perguntei-me quanto tempo aquilo ia durar. Talvez um dia, anos mais tarde - se a dor diminuísse a um ponto que eu pudesse suportar -, eu fosse capaz de olhar o passado, aqueles poucos meses que sempre seriam os melhores de minha vida. E, se fosse possível que a dor se atenuasse o suficiente para me permitir isso, eu tinha certeza de que me sentiria grata pelo tanto que ele me dera. Fora mais do que eu pedira, mais do que eu merecia. Talvez um dia eu conseguisse ver os fatos desse modo.

Mas e se o buraco jamais melhorasse? Se as bordas feridas nunca se curassem? Se os danos fossem permanentes e irreversíveis?"


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